Cultura
The Strokes durante show no Lollapalooza 2022 — Foto: Fábio Tito/g1 The Strokes durante show no Lollapalooza 2022 — Foto: Fábio Tito/g1

Rock? Que rock?

Show desastroso The Strokes, no Lollapalooza, e a triste morte de Taylor Hawkins, 50 anos, baterista do Foo Fighters, nos leva a essa indagação

Por Ana Horta

Depois de dois anos sem programação devido à Covid 19, começou, ontem (25/03), o Lollapalooza, um festival de música alternativa composto por gêneros variados da música que vai do rock alternativo, passando pelo heavy metal e punk rock até grunge.

Na última sexta, The Strokes era a banda headline (a mais esperada) do evento, mas – o que o público, formado por 100 mil pessoas (ao vivo, fora aqueles – como eu – que estava assistindo de casa), que pagaram entre R$ 648 e R$ 2.400 (site oficial). viu foi uma palhaçada.

O cantor Julian Casablancas, 43 anos, teve uma atitude deplorável em seu show. Era nítido que a última coisa que queria fazer era estar ali. Errou praticamente todas as músicas. Ficou fazendo piadinhas ridículas do início ao fim do show. Estava lendo as letras das músicas em uma versão, uma milhão de vezes pior, que a minha no karaokê e olha que eu não sou lá grandes coisas nesse tipo de entretenimento.

Mas, justiça seja feita, Nikolai Fraiture, Nick Valensi, Albert Hammond Jr. e Fabrizio Moretti, os outros integrantes da banda, deram literalmente o show musical que esperávamos, fazendo a gente recordar dos velhos tempos do rock de garagem.

Albert Hammond Jr deu um show a parte. Foto: Fábio Tito/g1
Albert Hammond Jr deu um show a parte. Foto: Fábio Tito/g1

No final, talvez como forma de amenizar pela grande decepção apresentada pelo conjunto da obra, o baterista brasileiro, radicado nos Estados Unidos, Fabrizio Moretti, soltou um “Fora Bolsonaro” que levantou um pouco o ânimo da plateia, mas que não foi o suficiente para classificar este como um dos piores shows que já vi na vida, e olha que eu já vi um “mucado” por aí.

Fabrizio Moretti, baterista The Strokes, gritou "Fora Bolsonaro". Foto: Fábio Tito/g1
Fabrizio Moretti, baterista The Strokes, gritou “Fora Bolsonaro”. Foto: Fábio Tito/g1

Sobre The Strokes

No dia 30 de julho de 2021, o estrondoso álbum de lançamento “Is This It”, do The Strokes, completou 20 anos. Considerado a “salvação do rock” e também o “momento de renovação do gênero”, em um mundo pós-Nirvana, muitos acreditavam que a banda era o que estava faltando para o rock voltar aos seus tempos de glória.

De fato, durante muito tempo, essa – que era apenas uma esperança – se tornou realidade. The Strokes não só fez um imenso sucesso como nitidamente foi responsável por influenciar toda uma geração de bandas similares, como Artic Monkeys, Franz Ferdinand e King of Leon.

Porém, hoje, os músicos – jovens ainda, todos na faixa de 40 anos, sendo o Casablancas mais velho (apenas 43 anos) – parecem ter “jogado a toalha” dessa missão. Será que podemos julgar? Acho que não.

Foo Fighters

Banda Foo Fighters anuncia morte do baterista Taylor Hawkins. Foto: Divulgação
Banda Foo Fighters anuncia morte do baterista Taylor Hawkins. Foto: Divulgação

Na contramão do The Strokes, temos o Foo Fighters. A banda formada por Dave Grohl, em 1994, foi a forma que o músico criou para superar a morte do Kurt Cobain, já que – nesta época – ele era o baterista da banda Nirvana.

Dave, que tem 53 anos e parece o Marcos Mion na energia, na sua recente biografia, “Dave Grohl O Contador de Histórias: Memórias de Vida e Música” faz questão de mostrar toda a sua paixão pela música e a sua gratidão por tudo o que ela proporcionou a ele: recursos financeiros, aprendizado, mas – principalmente – amigos.

Taylor Hawkins foi um deles. O ex-baterista da Alanis Morissette nunca escondeu sua admiração por Dave e sempre que se encontravam, a sintonia era perfeita. Até chegar um dia que a própria cantora disse: Por que vocês não trabalham juntos e, assim, foi feito até ontem (25/03), quando Taylor foi encontrado morto no quarto do hotel, na Colômbia, minutos antes de entrar no palco.

Taylor Hawkins e Dave Grohl . Foto: Divulgação
Taylor Hawkins e Dave Grohl . Foto: Divulgação

Mais uma vez, a vida de Dave Grohl é abalada por uma tragédia. Mais uma vez ele perde um grande amigo. A minha vontade agora, sério, é abraçá-lo e dizer: “Isso não é culpa sua”. Porque, pelo que li no livro, ele tem propensão de achar que é. Foi assim com o Kurt e é bem provável que seja assim com o Taylor.

Obviamente, todos os shows do Foo Fighters na América Latina foram cancelados, inclusive o da Lollapalooza, programado para domingo. Mas eu poderia apostar com você que, se tivesse, seria o melhor show de rock de todos os últimos tempos e isso não tem a ver com o fato de provar que o rock não morreu. Isso tem mais a ver com o amor que Dave Grohl tem pela música, por esse estilo musical e que o Casablancas parece ter perdido

 

 

 

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Ana Horta

Jornalista especializada em arquitetura e decoração e pós-graduada em MKT. Há 12 anos é proprietária da Mão Dupla Comunicação, única agência em Minas especializada em arquitetura,decoração, construção civil e paisagismo. É também uma das idealizadoras do Décor Solidário, projeto social, sem fins lucrativos, que visa revitalizar instituições carentes por meio da decoração.

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