Mostra de Cinema OP
Com uma programação intensa e totalmente gratuita, a Mostra de Cinema de Ouro Preto segue valorizando a arte de extrema qualidade e acessível para todos.
Por Bárbara Sayuri Watanabe
Por +Gama
No centro de Ouro Preto, em frente à famosa Praça Tiradentes, uma estrutura gigante de cinema ao ar livre se impõe. Com uma programação intensa e totalmente gratuita, a 18ª edição do Cine OP aconteceu entre os dias 21 (quinta) a 26 (segunda) de junho deste ano. O festival é dedicado em tratar o audiovisual como patrimônio, protegendo a produção nacional e valorizando a arte independente e acessível para todos.
Durante a semana, é possível fazer parte de oficinas, workshops e masterclasses voltadas para produção audiovisual, debates públicos e sessões de cinema ao ar livre. Além disso, durante os cinco dias de festival, aconteceu no Centro de Convenções da cidade, apresentações artísticas com uma line-up de tirar o fôlego. A programação deste ano foi completíssima e, claro, participei de todos os shows, me divertindo e conhecendo artistas que não conhecia (uma das partes que mais me encantam neste festival!).
Toda essa Mostra, é uma junção entre arte e cultura que é capaz de impressionar. A edição do ano passado chamou atenção ao celebrar a cultura indígena. E neste ano, o destaque foi a presença da música preta no cenário audiovisual brasileiro. Explorando todas as nuances deste tema riquíssimo, o homenageado do ano foi o grande Tony Tornado, que tivemos a honra de presenciar se apresentando, junto com seu filho Lincoln Tornado. Um show emocionante, em que a plateia vibrava juntamente com a grandiosidade que era a presença de toda a banda.
Aos 93 anos, Tony Tornado é um dos rostos pretos mais conhecidos da televisão e do cinema brasileiro. O artista também se estabeleceu, a partir dos anos 1960, como um dos precursores do movimento da black music brasileira, inspirado na luta pelos direitos civis. “Sou um negro em movimento. Eu peguei esse nome por isso. Eu era igual um tornado, eu dançava igual um tornado, eu agia igual um tornado”. No palco do Cine Praça, o artista recebeu o Troféu Vila Rica, e emocionado completou: “Viva o cinema nacional! Que honra, que honra!”. A honra foi toda nossa, Tony!
Outro ponto altíssimo deste festival, foi poder ver a potência que é Leci Brandão de pertinho. Sentir a energia do seu samba e da sua felicidade em estar com o público. Além desses ícones da música preta brasileira, conheci também outros destaques, como Rincon Sapiência, Djahi, a Banda Diplomattas que convidou o grande Maurício Tizumba e o Samba Preto Choro Jazz, todos representando a temática única da música preta brasileira. Uma descoberta mais incrível que a outra que me fez transbordar de inspiração e emoções e também vontade de voltar para a próxima edição!
O evento, produzido pela Universo Produção, é referência no calendário cinematográfico nacional. O Cine OP surge em 2006 com o intuito de suprir uma demanda do setor audiovisual por um festival estruturado em três eixos: patrimônio, educação e história. Para cada um deles, há uma vasta programação que mobiliza cineastas, pesquisadores, restauradores, professores, críticos, estudantes e cinéfilos em geral.
Além de todas essas atividades, ainda temos as ruas incríveis de Ouro Preto como cenário de fundo, que transformam vários momentos em memórias inesquecíveis.
Fiquem atentos para a edição do próximo ano! Tenho certeza que vocês vão se apaixonar também!
+Gama
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