Negócios

Home office rentável

Conheça a história do Seu Fernando, o dono da loja Mobília, que – além de estar vendendo muito nesta pandemia – pode ajudar milhares de pessoas e, por tudo isso, se sente em paz e feliz com o seu negócio

Por Ana Horta

Fernando Oliveira, proprietário da loja Mobília. Foto: Henrique Queiroga

Sim! Essa matéria é aquela tradicional reportagem que mostra que “enquanto uns choram, outros vendem lenços”, mas não é legal? Eu adoro saber que – para algumas pessoas – as coisas estão dando certo. Me sinto bem e, por isso, egoisticamente (será que existe essa palavra?), eu decidi fazer essa pauta.

Seu Fernando, é assim que todos o chamam, tem – há 39 anos – a loja Mobília que vende móveis corporativos, em Belo Horizonte e Brasília. Já há algum tempo, ele vem verificando que qualquer espaço pode ser um local de trabalho. Basta lembrarmos das deliciosas Starbucks onde a pessoa vai de manhã, pede um café, abre o seu notebook e só sai para almoçar e ir embora. Mas com o advento da Covid_19, isso se potencializou e, aquilo que era uma opção, passou a ser uma necessidade.

Em um certo dia – mais precisamente entre os dias 16 a 18 de março – não pudemos mais sair de casa e, muitas pessoas, começaram a trabalhar na própria morada. Diante disso, elas se depararam com algumas situações, aquelas que tinha um home office e o usava de vez enquanto, viu que a cadeira, usada agora por mais tempo, não era tão boa assim. Começou a perceber também que a iluminação não era tão boa também e que a acústica do espaço não era suficiente para blindar o barulho das crianças.

Já aquele funcionário que, acostumado com a excelente cadeira do escritório, quando foi trabalhar em casa, não abriu mão de ter uma igual. Teve empresas (tribunais e alguns ministérios) que, conscientes da importância de um bom espaço de trabalho para a produtividade, saúde e qualidade do serviço dos funcionários, disponibilizaram recursos para que eles pudessem adequar seu home office. Outras empresas, quando viram que o tempo de permanência no home office seria maior do que estavam prevendo, incentivaram os funcionários a comprarem uma boa cadeira e, ao mesmo tempo, facilitaram a compra do móvel, subsidiando o valor dela na folha de pagamento e em várias parcelas, ou seja, a cadeira acabou sendo do funcionário e ele teve toda a liberdade para escolher o modelo e a cor.

E, como o Seu Fernando tem muitas cadeiras instaladas em várias empresas no Brasil, as pessoas sabiam do seu know how e rapidamente procuram a empresa dele para ter essa solução. Diante dessa demanda, a Mobília começou a trabalhar com pronta-entrega. Fizeram um grande estoque, que consideraram até meio audacioso, mas – com pouco tempo – os produtos acabaram e eles compraram mais, tornou a acabar, e esse processo continua assim até hoje.

Cada vez mais as pessoas estão vendo a importância do home office. É normal vermos pessoas trabalhando seis horas, oito horas e se não estiverem bem confortáveis, ergonomicamente instalados, podem ter problemas de coluna, cefaleias, problemas de circulação, estresses e, tudo o que a gente não quer neste momento de pandemia, é ter que ir parar no hospital, concorda?

O empresário Fernando Oliveira encarou essa situação, não só como um momento de ganhar muito dinheiro, mas também como uma questão importante para não abalar ainda mais a economia de nosso país. Quando começou a pandemia, Fernando já tinha certeza que ia faltar cadeira para tanta demanda. Entrou em contato com a indústria que a Mobília revende e eles se assustaram com o volume de mercadorias solicitada pelo empresário e o advertiu dizendo que eles acreditavam que tudo iria parar e que talvez ele ficasse no prejuízo. Confiando no seu feeling para negócios, o empresário bancou sua audácia. Não tinha nem local direito para estocar tanta cadeira. Arrumou espaço no depósito e encaixou todas as cadeiras lá.

Negociou com o cartão de crédito a possibilidade de dividir, em um número maior de parcelas, sem acréscimos, investiu na publicidade e conseguiu atender bastante pessoas neste momento. “A venda como todo, claro, diminui em torno de 20%, porém a venda de varejo, com foco em home office, teve um crescimento, em relação a abril/19, de cerca de 220%. E isso se deve porque, muitas vezes, a pessoa ia até a loja – no caso de Belo Horizonte, previamente agendada – com o objetivo de ver a cadeira do home office dela e acabava comprando também para a esposa e filhos”, explica Fernando Oliveira.

O atendimento das lojas Mobília está sendo diferentes. Isso porque, em Belo Horizonte, o prefeito Kalil, proibiu que as lojas abrissem então o atendimento é somente online ou com pré-agendado na loja. Já em Brasília, o atendimento está liberado e é feito normalmente.

Excluindo a famosa gripe Espanhola, o Seu Fernando vivenciou todas as crises, por isso, para terminar essa matéria, eu pedi para ele dar um recado aos empresários que estão passando por um momento delicado em seu negócio devido à pandemia e ele disse: “Eu nunca abracei crise. Eu estava até estranhando, já algum tempo, depois da estabilização da moeda, o momento de bonança que estávamos vivendo. Eu sempre entendi que crise são três fases: início, meio e fim. Eu vejo toda crise, guardada as devidas proporções, como uma guerra. Na guerra, o mais importante é você se manter vivo. Você pode até ter um membro amputado. Mas se você estiver vivo, você vai sair mais forte. A única coisa que não se deve fazer é abraçar a crise e ir para depressão. A gente tem que se reinventar. Sempre vai existir alguém que chora e a outra que vende lenço. A crise está aí. Não tem o que fazer. Eu devo pensar o que eu devo fazer para tirar algum proveito disso. Às vezes, esse proveito não vai ser instantâneo, mas vai ser para eu repensar o meu negócio, repensar os meus custos, repensar minhas estratégias. Muitos empresários estavam precisando desse momento para pensar “fora da caixa” porque ele teve que reavaliar cargos, salários, funções e, só se consegue fazer isso, com uma parada dessa. Nesse momento, o empresário vai conseguir repensar o negócio dele, vai conseguir ver um novo horizonte, uma nova oportunidade (de produto ou serviço). A única certeza que temos é que nada será igual. É hora de refletir bastante. Melhorar aquilo que está dando certo. Consertar o que está errado e saber que isso vai passar e que se nós, nos cuidarmos, vamos sair delas saudáveis, com a saúde ok!, tendo um cuidado psicológico porque se não estivermos bem emocionalmente, vamos sofrer mais ainda. Então vamos procurar aquilo que faz bem: tocar algum instrumento musical, fazer caminhada, pintura, ouvir música, mas tem que procurar alguma coisa para que o espiritual e mental esteja bem. Eu mesmo gosto de ouvir música e de contemplar e tenho um privilégio de morar num lugar que me permite curtir o céu, então ontem, por exemplo, depois de fazer uma caminhada na esteira de uma hora, eu me permiti – ao som de uma música bem suave – contemplar o céu estrelado. Depois disso, você consegue dormir, saindo fora desse noticiário perverso que não precisava ser tão massificante, tão dolorido. Tendo cuidado com isso, quando essa pandemia passar, a gente vai continuar crescendo e mais firme e forte do que antes”, finaliza.

 

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Ana Horta

Jornalista especializada em arquitetura e decoração e pós-graduada em MKT. Há 12 anos é proprietária da Mão Dupla Comunicação, única agência em Minas especializada em arquitetura,decoração, construção civil e paisagismo. É também uma das idealizadoras do Décor Solidário, projeto social, sem fins lucrativos, que visa revitalizar instituições carentes por meio da decoração.

COMENTÁRIOS

  • Administrador Gama

    Samuel, a história do Sr. Fernando é realmente incrível, né? Foi uma grande satisfação ter feito essa matéria. Fico feliz em saber que você também gostou. Acompanhe nosso portal. Nós vamos fazer inúmeras matérias como este por aqui. Abraços, Ana

  • Samuel

    Interessante! Parabéns ao Sr. Fernando.

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