LGBTQI+
Foto: TV Globo/ Reprodução

Sentir-se refletido!

A importância da representatividade nas grandes mídias.

Por Rúbia Meireles

Na década de 90 a TV brasileira parecia-se mais com alguma região da Europa – onde 95% da população é composta por pessoas brancas – . Em nada, parecia-se com o Brasil, país tropical, diverso, e com isso muitos grupos  que não se associam a padrões preestabelecidos pela sociedade, como por exemplo a população negra, a sociedade LGBTQI+, idosos ou até mesmo pessoas que estão acima do peso, sendo excluídos por grupos dominantes não se sentiam representados.

O estereótipo: homem, pessoas de cor branca e heterossexuais acabaram sendo “padrões de seres humano”, ficando em maior evidência dentro da sociedade e  altamente representados em campanhas publicitarias, filmes, novelas ou até mesmo em desenhos infantis e literatura, sendo vendidos como um padrão a ser atingido, fortalecendo a ideia do representante máximo da humanidade, implicando sutilmente no descarte de grupos que não pertencem a este contexto, os classificando como menos importantes. 

Mais de uma década depois começamos a ver uma mudança. Ainda que tímida, há uma mudança no padrão da TV brasileira. O espaço da telinha está mais com a cara do Brasil. A Pesquisa Todxs – Uma análise de representatividade na publicidade brasileira -, feita pela agência publicitária Heads em parceria com a ONU Mulheres, revelou que o número de protagonistas negras chegou a 25% de participação nas peças publicitárias. A pesquisa está na sétima onda e analisou 2.149 comerciais veiculados nos canais de televisão de maior audiência do país durante uma semana. Na primeira onda da pesquisa, a representatividade da mulher negra era de apenas 4%. Dados dos sites Memória Globo e Teledramaturgia, mostram que nos últimos 18 anos dobrou o número de personagens LGBTQI+ (total de 127 desde o ano 2000) nas telenovelas brasileiras em comparação ao período de 1970 a 2017. O levantamento mostra que desses personagens 57,8% são gays, 18,9% são bissexuais, 15,5% são lésbicas e 7,8% são trans.

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Cena de “O outro lado do paraíso”, novela da Globo. Foto: TV Globo/ Reprodução

Um programa, em especial, me chamou à atenção o Master Chef, do grupo Bandeirantes de Televisão. De forma muito assertiva a diretora geral do programa, Marisa Mestiço, fez uma edição extremamente diversa: em cada episódio há pelo ou menos uma mulher negra, um homem negro, uma pessoa da sociedade LGBTQI+ e uma pessoa acima de cinquenta anos. Em entrevista ao RD1 a diretora comentou: “O que eu acho mais legal nas mudanças que foram necessárias por causa da pandemia, é que o programa está mais parecido com o país de hoje. 

Sentir-se refletido

Quantas vezes repetimos a expressão: Representatividade importa, mas será que todos sabem por que importa? Em 2012, na Universidade de Michigan, foi aplicado uma pesquisa com cerca de 400 estudantes de 7 a 12 anos, sendo eles negros e brancos, abordando uma estimativa de o quão a televisão seria propícia na autoestima de uma criança. A conclusão obtida foi que assistir televisão aumenta a autoestima de crianças brancas ao mesmo tempo que diminui a de crianças negras. 

Felipe Dias afirma que, ser representado na mídia de maneira que qualifique somente o indivíduo sem estereótipos com relação ao seu gênero, cor, religião, orientação sexual, entre outros, é algo empoderador que beneficia a existência e proporciona o indivíduo a vontade de almejar algo maior por haver esta identificação de personagem em sua existência. É empoderador SE VER BEM REPRESENTADO na mídia e no entretenimento,  pois valida a nossa existência, amplia nossas noções do que podemos ser e fazer, e desafia aquela implicação sutil de que temos menos importância. Além disso, representatividade na mídia pode ser um meio de dar espaço e voz para as minorias que não conseguem se fazer ouvir na vida real, ou mesmo que são fortemente incompreendidas e hostilizadas (como pessoas trans, por exemplo). 

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Foto: Instagram/ Reprodução

A atriz americana Whooper Goldberg em uma entrevista fala sobre esssa importância: “Quando eu tinha nove anos de idade, Star Trek apareceu. Olhei para aquilo e saí gritando pela casa. ‘Vem aqui, mãe, todo mundo, vem rápido, rápido, tem uma moça negra na televisão e ela não é uma empregada!’. Eu soube bem ali que podia ser qualquer coisa que eu quisesse”. 

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Menina vê que tem o mesmo cabelo da apresentadora Maju Coutinho. – Foto: Instagram/ Reprodução

 

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Rúbia Meireles

Jornalista de formação, é especialista em Marketing e entende tudo sobre pesquisa e comportamento do consumidor. Está sempre aprendendo alguma coisa nova.

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