Turismo

Estreia na África

Nem tudo é como a gente quer… mas surpresas boas sempre acontecem

Por Júnia Leticia

Recapitulando o texto da quinta passada (clique aqui para ler), cheguei à Cidade do Cabo, na África do Sul, em uma sexta-feira e o motorista estava bonitinho me esperando com a plaquinha com meu nome na mão. Ele me levou à casa do meu host. Quando cheguei lá, o senhor que na agência haviam me descrito como simpático, mal me disse “good morning”, acrescentando: “I gotta go because I have a meeting with a friend.”, ou coisa parecida, já que meu inglês, até hoje, é sofrível, mesmo ainda fazendo aulas do idioma. E olha que já era quase meio-dia e meu intercâmbio incluía almoço!

Bom, sem saber o que fazer – até porque minhas aulas começavam na segunda –, me lembrei que eu tinha o contato da escola. Agora sim! Era só encontrar um telefone e pedir socorro. Decorei minha fala e consegui conversar com a atendente. Só que eu não entendia uma palavra do que ela me dizia… Foi então que ela me passou para falar com um angolano. No início, fui muito grata a ele, até conhecer certos aspectos da cultura daquele país…

A mulher me buscou e levou para a escola, onde havia um refeitório e pude almoçar. Ela me apresentou a um grupo de cinco homens angolanos, dentre eles, o com o qual eu havia conversado. O almoço até que estava gostoso, apesar de o frango e o feijão serem doces, e eles não usarem alho (pelo menos não notei o gosto). Sentamos e fomos conversar. A partir daí, tive contato com um aspecto da cultura de Angola que, realmente, não gostei. “Quantos anos você tem? Por que não é casada? Quando vai se casar? Quantos filhos quer ter?”. E era só o início, porque ouviria deles estas mesmas perguntas diversas vezes.

Quando o meu host chegou, ele viu o recado deixado pela mulher da escola e ligou para avisar que havia chegado. Assim que cheguei em sua casa, ele me mostrou seu apartamento. Uma coisa que me chamou a atenção foi que o cômodo onde era para tomar banho era separado de onde a gente faz nossas necessidades fisiológicas. E mais: neste último cômodo, não havia chave! Então, a solução que encontrei foi me sentar o vaso apoiando a porta com os pés, como medida de segurança. Apesar de não achá-la muito eficaz, me confortou psicologicamente.

Como era sexta e minhas aulas começavam na segunda, aproveitei o fim de semana para dar uma volta pela cidade. Me surpreendi com o quanto o Real tinha valor em relação a Rand. Lá, conseguia comprar muito mais coisas que aqui. Assim, apesar de não ser consumista, visitei lojas e supermercados, nos quais comprei um monte de chocolates Cadbury. Também fui ao V&A Waterfront, complexo de lojas, bares e restaurantes que fica na costa do Atlântico, no Porto de Table Bay, onde apreciei a paisagem de lá, que é incrivelmente maravilhosa, além de ver apresentações culturais de artistas locais.

Na segunda, comecei as aulas, e a professora era simplesmente fantástica. Parecia que ela adivinhava em inglês o que eu não conseguia pensar nem em português! Isso acontece até hoje. Às vezes, nas aulas de conversação, meu cérebro buga e aparece a tela azul do Windows. Na sala, havia angolanos, suíços, sul-coreanos, um moçambicano (que me seria muito útil!) e, óbvio, brasileiros, que são encontrados em toda parte do mundo, como as baratas. Com a diferença que somos legais, e elas, não.

Bom, iniciadas as aulas, era hora de organizar os passeios! E na escola havia vários folders e brochuras com as mais diversas opções. Eu tinha três finais de semana para aproveitar. Já estava tudo decidido e planejado. O que fazer em cada fim de semana para dar tempo de aproveitar ao máximo todas as belezas de Cape Town. A minha lista incluía rota do vinho, um safari, Kirstenbosch Botanic Gardens e Cabo da Boa Esperança… Mas não basta querer, né? Ainda mais se você não fala o idioma local. Resultado: quando a empresa organizadora do primeiro passeio, que seria o safari, interfonou para o apartamento, o senhor que era meu host a dispensou! E eu até hoje não sei o porquê. Meio atordoada, pensei: o que vou fazer agora para não perder o meu preciso sábado?

Semana que vem tem mais!

 

 

Na sala onde estudei, havia angolanos, suíço, sul-coreanas e, claro, brasileiros 

A paisagem no V&A Waterfront, complexo de lojas, bares e restaurantes que fica na costa do Atlântico, no Porto de Table Bay, é deslumbrante, sem contar os atrativos culturais que nos surpreendem

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Júnia Leticia

Jornalista pós-graduada em Comunicação Empresarial, redigiu matérias para veículos diversos, como os jornais O Tempo e Estado de Minas. Os textos publicados neste último veículo lhe conferiram o Prêmio Abracopel de Jornalismo, da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos a Eletricidade (edições de 2010 e 2012) e troféu referente ao Prêmio Abecip de Jornalismo (2011), conferido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança. Também possui experiência em assessorias de comunicação, como da Fundação de Ensino de Contagem (Funec), Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-MG), Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG) e Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH).

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