Turismo

O turismo pós pandemia

Portas em automático! Quando vamos voltar a ouvir essas três palavras mágicas que indicam o início de uma viagem? E para onde vamos?

Por Paloma Chierici

Saudade de viajar, né minha filha! Essa frase já virou clichê para tanta coisa que sentimos saudade durante esse confinamento que já dura 3 meses… mas parecem uns 3 anos. Ela cai como uma luva para aquelas pessoas que adoram pegar um avião e conhecer lugares e pessoas novas. Com tantos perigos de contrair a Covid-19, em todas as partes do mundo, o setor do turismo talvez tenha sido o mais afetado durante a pandemia. Afinal, mesmo amando viajar e tendo condições para isso, você se sentiria seguro em fazer uma viagem pós pandemia?

Por motivos óbvios só podemos pensar mesmo nessa possibilidade depois que tudo isso passar, e vai passar! Mesmo porque, por agora, vários países fecharam suas fronteiras com o Brasil e outros proibiram a entrada de brasileiros, como é o caso dos Estados Unidos. As viagens nacionais também ficaram prejudicadas, o Brasil tem dimensões continentais e cada estado está passando por um estágio diferente da pandemia e tomando atitudes distintas referentes ao confinamento ou à flexibilização. Ouvi outro dia que nosso país enfrenta 27 pandemias, uma em cada um dos 26 estados mais uma do Distrito Federal.

Curioso pensar que, antes desse ano atípico que estamos vivendo, o setor do turismo tinha grandes pretensões para ele. Algumas pessoas já viam a necessidade de fazer uma viagem, seja nacional ou internacional, com certa prioridade. As previsões eram boas, mas, definitivamente, não se concretizaram. Para falar mais sobre esse mercado, conversei com o turismólogo Gustavo Zschaber. Ele explica como está a atual situação do setor e fala das perspectivas para depois que tudo isso acabar.

O turismólogo Gustavo Zschaber. Foto: arquivo pessoal
 Antes da Pandemia, quais eram as perspectivas do turismo?

Antes da pandemia, o setor de turismo estava aquecido. Ele tava com um ano de 2020 promissor, o ano de 2019, o trecho turístico conseguiu atingir e superar as metas de crescimento nas grandes empresas, agências de turismo e todos os participantes dessa cadeia, observaram um crescimento bem satisfatório no ano de 2019. A minha agência de viagem mesmo, registrou um crescimento de 30% e entramos em 2020 com muitos projetos de expansão.Já com uma demanda bem aquecida. Principalmente para viagens internacionais. Então, estávamos bem animados com essa perspectiva do ano de 2020. E aí veio essa pandemia, a Covid-19, e abalou todas as estruturas.

A preferência maior era por viagens nacionais ou internacionais?

A demanda das viagens variava bastante entre destinos nacionais e internacionais, mas principalmente destinos internacionais. A gente percebeu que por mais que havia uma alta do dólar, a nossa moeda estava fraca com relação essa variação, mesmo assim as pessoas estavam investindo em viagens internacionais. Percebo que isso vem acontecendo, também para viagens internacionais. Houve uma mudança na cultura de viagens, as pessoas começaram a enxergar a viagem como um bem essencial para a saúde e bem-estar, digamos assim.Então, as pessoas colocaram a perspectiva da viagem como uma conta do IPTU, IPVA, uma matrícula de escola. Assim, as pessoas passaram a investir nas viagens como um bem essencial. Essa mudança de cultura, fez com que também houvesse um aquecimento na demanda nos pacotes de viagem e tudo mais.

Como está a situação agora? O que se está fazendo em relação ao turismo neste momento?

A situação agora ela está bem nebulosa. Algumas companhias aéreas inclusive já estão entrando em recuperação judicial por falta de demanda. Então, nos próximos, acredito eu que, dois meses, não teremos nenhuma perspectiva de retomada concreta. Isso faz com que esse trem de turismo fique abalado. Nós estamos tentando adotar medidas para incentivar o turista a planejar uma viagem para o final do ano e para o ano que vem. Inclusive com a possibilidade de remarcação sem custo, algumas promoções, algumas viagens estão sendo oferecidas com 50% de desconto ou até menos um pouco.Os fornecedores estão trabalhando com a margem mínima de operação, para convidar o consumidor poder investir nas viagens, mas as pessoas ainda estão com pé atrás, dada a essa falta de perspectiva de retomada.

Quais são as perspectivas para o mercado depois da pandemia?

As perspectivas são animadoras! A gente acredita que o consumidor vai querer investir nas viagens. Eles vão querer sair, conhecer outros lugares, passar por esse isolamento vai gerar uma necessidade de sair, conhecer, conviver, ter experiências,conhecer destinos diferentes. Então, a gente acredita muito que essa retomada, vai ser uma retomada com grande potencial de demanda. Eu mesmo estou programando uma viagem para o final do ano. Não vejo a hora!

Você acredita que haverá algum receio em relação às viagens? Se sim, de que tipo?

Claro que vai existir um receio do viajante em relação à distância percorrida. Nesse período de pandemia, estamos vendo muitos turistas em viagens principalmente internacionais que não conseguem retornar para o Brasil. E isso gera um desgaste muito grande e uma desconfiança com relação a “será que eu vou viajar e vou conseguir retornar?” Então, a tendência é que essa retomada seja feita dentro do Brasil. Os destinos nacionais vão ser bem fortalecidos, onde a pessoa consegue viajar e caso tenha um problema, ela consiga retornar de alguma forma para sua residência.

Quais são, na sua opinião, os maiores desafios para mercado para se recuperar? O que deve ser feito?

Os maiores desafios para essa retomada do mercado, primeiro segurar a saúde financeira das empresas enquanto essa retomada não acontece. Então esse é o maior desafio: segurar as pontas nesse momento. Desde então, as companhias aéreas, hotelarias, empresas turismo, operadoras, agências de viagem, estão fazendo promoções para gente conseguir aquecer essa demanda e de quem tem o otimismo de já programar uma viagem promoções para gente conseguir aquecer essa demanda e de quem tem o otimismo de já programar uma viagem para o ano que vem. Então o maior desafio é desenvolver um conteúdo que convença o viajante a investir numa viagem. Agora no segundo semestre ou no início do ano, voltando para viagens nacionais, destinos de ecoturismo, sempre pensando nessa proximidade. E eu acredito que isso vai ser muito bom para a economia nacional. Os destinos nacionais estão fomentando novos roteiros, então eu acho que para a infraestrutura turística, isso vai ser muito bom para o Brasil. Estamos muito confiantes, já estamos tendo uma pequena demanda de viagens, então, já existem pessoas com intenção de compra, de viagens para final do ano e início do ano que vem.

 

E você para onde vai depois que voltarmos a ser livres? Voo internacional ou nacional? Conta para o Portal Gama qual vai ser seu destino pós-pandemia. Afinal, sonhar ainda é permitido, né 2020?

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Paloma Chierici

Jornalista, professora e mãe de pet. Ama viajar e a liberdade que isso lhe proporciona. Dá aula de espanhol e português há mais de 1 década. Como jornalista, trabalhou em televisão, em empresas e em revistas.

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