Gays evangélicos

Para pesquisar sobre o tema, o autor frequentou alguns grupos participando do seu cotidiano: uma igreja tradicional, duas igrejas chamadas inclusivas (onde há um espaço de acolhimento) e um grupo de militância LGBTQIA+. Vanrochris Vieira explica que, no livro, foram dados nomes fictícios para que não fossem identificados os reais locais pesquisados.

Na Igreja Batista Renovada Galileia, ocorre uma acolhida buscando a cura caseira. Na Igreja do Mundo Atual, acredita-se que esses homens vivem sua homossexualidade, mas de maneira santificada. Na Igreja Humanista de Jesus, é defendido que Cristo não normatiza as sexualidades. No Grupo de Militância LGBT de Belo Horizonte, a bancada evangélica é vista como a inimiga, colocando em risco o Estado laico. “Gays evangélicos: vivendo no front” mostra quatro formas encontradas por igrejas e movimentos para lidar com a fé e a homossexualidade. “Naquele momento da pesquisa, estava havendo uma luta simóbolica muito grande no país sobre a possibilidade de cura da homossexualidade através da terapia, entre outros temas correlatos”, comentou o autor. Ele explicou também que o contexto da época foi combustível para desenvolver a pesquisa.  Eu comecei a pensar: e as pessoas que são gays e que também são evangélicas? Qual o lugar deles no meio dessa guerra discursiva?”, disse Vieira.

O lançamento do livro foi feito on-line, via zoom, pela Editora Appris, em julho de 2021. Quem tiver interesse em adquirir, pode comprar no site da editora (link aqui).  A obra é voltada para pesquisadores e estudantes, mas também para qualquer um que queira ampliar sua visão sobre os temas específicos como fé, religiosidade e homossexualidade. O autor é graduado em Comunicação Social, com mestrado também na mesma área e doutorando em Ciências Humanas.

Pelas pesquisas e envolvimento com o assunto, eu perguntei para o “Van” (eu o chamo assim pois já trabalhamos na mesma universidade, ele é uma pessoa querida por mim e já participou de outras reportagens do Portal Gama, como você pode conferir clicando aqui) se ele considera que os gays evangélicos conseguem viver a religiosidade de forma plena. Ele respondeu: “os gays tem maneiras muito diferentes de adequar a sexualidade deles à questão da religião. Então há desde aqueles que ‘deixam de ser gays’ para seguir os preceitos de uma igreja tradicional, como por exemplo o caso de um pastor que disse ser ex-gay, até o oposto em que pessoas deixam a vivência religiosa, deixam de ser evangélicos, para viverem a sexualidade de forma livre, como pessoas de militância de LGBTQIa+ de Minas Gerais. Há também pessoas que frequentam igrejas tradicionais, mas que ignoram os preceitos daquela religião em relação a sexualidade. Outros vivem a sexualidade ‘santificada’, ou seja, são gays ou transgêneros mas são ligadas às regras do cristianismo. E tem, ainda, pessoas que frequentam igreja que são evangélicas que pensam que a Bíblia e que Jesus Cristo não regulam a sexualidade. Então são formas muito diferentes de lidar com o assunto.  ”

Essa entrevista com o autor do livro foi muito bacana. Vale a pena você conferir tudo. Ouça o podcast com a entrevista na íntegra.

Denise Rodrigues Alves

Sou jornalista, advogada e mestranda em Gestão Integrada do Território pela Universidade Vale do Rio Doce, no leste de Minas Gerais. Sou natural de Nanuque e moro em Governador Valadares. Gosto de ler e de pesquisar.